sexta-feira, 17 de setembro de 2010

I Seminário Maranhense de Marxismo discute o legado e os rumos das lutas sociais


Promovido pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas do Sindicalismo (NEPS), o I Seminário Maranhense de Marxismo, realizado entre os dias 15 e 17 de setembro, no Centro de Ciências Humanas da Universidade Federal do Maranhão (CCH - UFMA), reuniu pesquisadores, professores, integrantes de movimentos sociais e estudantes para a discussão transdisciplinar da teoria marxista: corrente elaborada no século XIX, combinando a crítica e a prática, na perspectiva da transformação revolucionária da humanidade. A programação do evento ocupou o auditório Professor José Ribamar Caldeira e foi composta de mini-cursos, apresentações de comunicações orais, mesas redondas e conferências, abordando, dentre outros assuntos, os impactos do neoliberalismo na organização da classe trabalhadora e o processo de ascensão popular na política latino-americana.

Uma das mesas-redondas, intitulada “Marxismo, Neoliberalismo e Sindicalismo”, que teve como participantes o Professor Dr. José Menezes (Departamento de Economia / UFMA) e a Professora Dra. Célia Mota (Departamento de Sociologia / UFMA), esteve voltada para a análise da nova fase do capitalismo – a neoliberal - e seu reflexo nas estruturas sindicais.

Para Menezes, o neoliberalismo entra em cena quando a taxa de lucratividade do capital, abalada por recorrentes crises, precisa ser restaurada, fazendo com que o empresariado ocupe e precarize o setor de serviços públicos. “Podemos sentir o avanço neoliberal também na UFMA, a partir de uma expansão sem orçamento. Resultado: aumento da jornada de trabalho dos docentes, necessidade de aulas nas férias para os alunos, detrimento da pesquisa e superlotação de salas”, assegurou o professor.

Destacando a privatização de empresas estatais lucrativas, a sobrevalorização da moeda e o discurso da modernização tecnológica como elementos constituintes do capitalismo neoliberal no Brasil, a professora Célia Mota afirmou que as mudanças processadas no plano econômico implicaram na alteração da organização dos trabalhadores. “Os altos índices de desemprego, típicos desse novo momento, são utilizados como arma para barrar o movimento sindical. Assim, o sindicalismo classista, ideológico e independente do patronato, cede espaço aos sindicalismos de resultado e propositivo, marcados pela conciliação e pelas idéias de democracia e ética na política”, constatou Mota.

Segundo a organização, o Seminário teve como objetivo quebrar a atual resistência existente no ambiente acadêmico em relação ao debate do pensamento marxista, considerada de tamanha importância na compreensão do mundo contemporâneo, colaborando para sua atualização e estendendo as possibilidades de divulgação de suas pesquisas.


Por Leonardo Costa, repórter com um pé na objetividade factual e outro no lirismo dos idealistas.

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