terça-feira, 13 de julho de 2010

Breganejo Blues, uma novela trezoitão...



Um lugar comum secreto de conhecimento geral...
Azevêdo, Bruno
Breganejo Blues: Novela Trezoitão/Bruno Azevêdo. São Luís: Bruno Azevêdo/Pitomba, 2009.
ISBN: 978-85-909824-0-1, CDD 869.098 121 83, DCU 821.134.3 (81201)-32

Breganejo Blues é uma boa pedida para aqueles cujo O Mulato foi o ultimo livro “maranhense” a pousar em mãos. Não que se tenha parado de escrever livros (ou algo do gênero) por aqui, mas parece ser e, me corrijam se eu estiver errado, o surpreendente virar de pagina para o século XX tão ignorado por São Luis, eternamente apaixonada pelos defuntos oitocentos.

Surpreendente porque ninguém aqui parece fazer a menor força para se livrar do cadáver oitocentista, ao contrário, cuidamos da arquitetura colonial como cuidam do cadáver de Lênin, alternando a desculpa histórica com a turística sem o menor pudor. O Breganejo se passa, ainda que discretamente, numa São Luis que conhecemos bem e ignoramos com nojo, a dos bares e artistas “bregas”, “sertanejos” e boates “gays”, uma cidade que vive como vermes que se alimentam dos restos mortais do século XIX sem lhe dar qualquer significado que não o imediato e utilitário.

Discretamente porque não se preocupa em explicar a presença do cadáver na sala, usa-o antes como um sofá ou calçada para passear pela cultura viva do povo ignorado pela academia (não sem alguma razão). As personagens principais são uma dupla sertaneja _ Adailton e Adhaylton _ que, seguindo o exemplo fortuito ou não da realidade, forja a morte de um deles em nome da “industria cultural” e da satisfação pessoal, a preocupação é mesmo com o próprio umbigo e as banalidades conhecidas de todos, dinheiro, sexo e poder.

Uma ultima personagem digna de nota é o dublê de taxista e detetive particular que serve de catalisador para o desenrolar da trama, mais não digo por respeito a quem _ diferentemente de mim _ dá mais valor ao suspense que a obra em si. Aliás, vocês que são assim, diferentes de mim, evitem o prefácio. Mais parece que o “prefacista” quis se apossar da obra contando-a em detalhes desnecessários e “estraga prazeres” para uns tantos. Melhor que a segunda edição venha com outro ou nenhum prefácio, corrigindo este que parece ser o único problema intransponível entre a capa e a contracapa.

Convém lembrar que o texto vem numa estética que mais lembra um roteiro de vídeo ou cinema, entremeado por quadrinhos do Tex (aquele mesmo, o cowboy favorito de motoristas profissionais em geral e de teu avô), trata-se de um aviso realmente útil para aqueles que ainda lembram do final de O Mulato...

P.S: Bruno Azevedo (cognome Feto), o autor, é ex integrante da extinta banda Katarina Mina, agitador cultural no sentido que esta expressão deveria ter e merecedor dos tostões que conseguimos esconder do “leão” financiador de bumba bois e afins que nos assolam.


por Pablo Habibe, polemista aleatório...

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