sexta-feira, 23 de julho de 2010

Uma imersão jornalística



O curioso sobre a Fantástica Fabrica de Chocolate (prefiro a versão de 1971) não é o que ela tem de lúdica, mas que esta alegoria pareça estar perfeitamente onde deveria. As crianças do filme, maravilhadas com maquinas compostas por doces, portas de açúcar e lagos de chocolate, não questionam nada que se lhes apresenta. Parece natural que o produto esteja presente em toda parte.

A idéia do filme era reforçar a percepção infantil que associava a fabrica ao produto. Da mesma maneira que nunca se retrata a oficina de Papai Noel com manchas de graxa, a primeira imagem de uma fabrica de chocolates não é metálica.

Minha primeira impressão em visita recente às instalações do Sistema Mirante foi mais ou menos a mesma. Uma “usina de noticias” tem de refletir o que faz desde a primeira vista. Redações e estúdios estavam recheados de referencias ao jornalismo e ao que esperamos encontrar onde são produzidos jornais, programas de rádio e TV.

Todos os ambientes contavam com monitores transmitindo a programação da casa, jornais sobre todas as mesas e estações de trabalho se equilibrando entre a individualidade e o fácil acesso a meios e pessoas. A onipresença do produto onde ele é confeccionado parece ajudar na imersão, contribuindo para lubrificar um engenho que possui engrenagens humanas.  

Esta imersão, por sua vez, ajuda o funcionário a se “vestir de jornalista”, da mesma maneira que a capa faz Clark Kent personificar o Super Homem. Todos lá pareciam saber exatamente o que estavam fazendo, detalhando os seus procedimentos com a naturalidade de quem não está mudando de assunto.

O novo estúdio para o jornal local, em fase de acabamento, é anexo à redação que, por sua vez, tem fácil acesso ao arquivo e aos estúdios das rádios AM e FM, bem como ao complexo onde se produz o jornal impresso. Parte das estações de trabalho será visível para os telespectadores da mesma maneira que nos telejornais nacionais (da Rede Globo), trazendo o público um pouco para dentro desta “linha de montagem”.

Pode-se inferir que esta reforma estrutural reflete metamorfoses pelas quais a sociedade em que a referida empresa está inserida passa atualmente. Para além do simbólico milhão de habitantes, as relações sociais em São Luis vem deixando de se dar através de pessoas físicas, com um sensível aumento da importância das jurídicas _ algo comum numa economia que ganha complexidade.

Não deixa de ser curioso que este incremento de profissionalismo atinja a cidade num contexto em que o mundo vê a tecnologia diminuir dramaticamente os custos da divulgação de noticias com a convergência de ferramentas de produção e mídias trazidas pela internet e o computador pessoal. “Se La vie..”.

Não parece ser coincidencia que os funcionários gostem de frisar que a população se refere à empresa como “Mirante” e não “Globo”, como no caso de afiliadas de outros estados. Sinal de uma personalidade a parte que a equipe de marketing trabalha para reforçar interna e externamente. 

por Pablo Habibe, polemista aleatório (relatório para a disciplina Gestão de Empresa Jornalística). 

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